REDATA: Impulsionando a Soberania Digital e a Infraestrutura de Datacenters no Brasil

O Governo Federal, atento à crescente importância da economia digital e à necessidade urgente de modernizar a infraestrutura tecnológica nacional, instituiu o Regime Especial de Tributação para Serviços de Datacenter (REDATA) por meio da Medida Provisória nº 1.381/2025. Este programa transcende a mera desoneração fiscal, posicionando-se como uma política de Estado focada em atrair capital, fortalecer a soberania digital e promover a inovação tecnológica no país.

O REDATA oferece condições fiscais altamente competitivas para empresas que investirem na instalação, expansão ou operação de datacenters no Brasil, incentivando o processamento e o armazenamento de dados em território nacional.

Mecanismos e Escopo da Desoneração

O principal atrativo do REDATA é a ampla isenção e redução de tributos incidentes sobre equipamentos, serviços e insumos essenciais à atividade de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). O regime abrange impostos federais, estaduais e municipais, visando equiparar a carga tributária brasileira à de países com ambientes digitais mais desenvolvidos.

Tributos Contemplados:

EsferaTributos BeneficiadosDetalhamento da Isenção/Redução
FederalIRPJ, CSLL, PIS e COFINSDesoneração sobre o lucro e a receita, tornando o investimento mais rentável.
FederalIPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)Isenção total na aquisição de equipamentos de TIC (nacionais ou importados).
FederalImposto de Importação (II)Isenção para bens e equipamentos sem produção nacional equivalente (Ex-tarifário).
Estadual/MunicipalICMS e TaxasRegulamentação estadual e municipal para conceder isenções em operações essenciais e taxas administrativas/ambientais.

Contratualização da Inovação e Sustentabilidade

Em uma abordagem inédita, o REDATA condiciona a concessão dos benefícios fiscais a contrapartidas claras em três eixos estratégicos:

  1. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I): As empresas participantes são obrigadas a destinar um aporte mínimo de 2% do valor dos produtos e serviços adquiridos para projetos de P&D&I no Brasil. Essa medida visa estimular a criação de tecnologia nacional e reduzir a dependência de soluções externas em áreas como Inteligência Artificial (IA), Cloud Computing e Cibersegurança.
  2. Sustentabilidade e Eficiência: Há exigência de que os datacenters utilizem energia limpa e renovável e observem rigorosos padrões de eficiência hídrica e ambiental. Isso alinha o crescimento digital brasileiro com os compromissos globais de sustentabilidade (ASG/ESG).
  3. Soberania e Mercado Interno: As empresas devem garantir a destinação mínima de 10% da capacidade total de processamento e armazenamento para atender ao mercado interno, fortalecendo a segurança e a privacidade dos dados nacionais.

Incentivos Regionais: A Desconcentração da Infraestrutura

Visando promover o desenvolvimento equilibrado e a desconcentração dos investimentos, o REDATA oferece incentivos adicionais para regiões historicamente menos favorecidas:

  • Bônus Regional: Empresas que se instalarem nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão uma redução de 20% nas exigências das contrapartidas (como a de P&D&I).

Essa política busca criar novos polos tecnológicos regionais, gerando empregos de alta qualificação fora dos tradicionais eixos Rio-São Paulo e aumentando a resiliência e a latência da infraestrutura digital em todo o país.

Contexto Estratégico e Impacto Esperado

A criação do REDATA responde a um desafio econômico e de segurança nacional. Atualmente, estima-se que 60% dos dados gerados no Brasil são processados em datacenters localizados fora do país, contribuindo para um déficit significativo na balança de serviços. O déficit do setor de armazenamento e processamento de dados atingiu US$ 7,1 bilhões em 2024.

Projeções e Metas:

  • O governo federal destinou R$ 5,2 bilhões no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 para implementar o regime.
  • A expectativa é atrair até R$ 2 trilhões em investimentos privados no setor de tecnologia ao longo dos próximos dez anos.

O REDATA busca aproveitar as vantagens competitivas do Brasil (ampla oferta de energia renovável, localização geográfica estratégica e cabos submarinos) para consolidar o país como um Hub Regional de Datacenters e Tecnologia.

Com vigência inicial de cinco anos (coincidindo com a transição da Reforma Tributária), o REDATA marca um avanço importante na política digital brasileira, transformando incentivos fiscais em um catalisador de inovação, sustentabilidade e, sobretudo, garantindo que a infraestrutura crítica da economia digital permaneça sob controle e em benefício do desenvolvimento nacional.

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